sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Sapatos e ausência.

A toalha rendada, mal posta em cima da mesa, me lembrou você. Lembrei também dos seus pés e do jeito leve que andava. Eu queria poder fazer um bolo com todas essas memórias. Acho que eu tenho memórias suficiente até para o recheio. Gostaria de fazer um bolo delícioso, que comeria com café, quando batesse a solidão das cinco horas.

Eu troquei de cigarro. Você tinha dito que fumo tostado é melhor, e é verdade. Também não passo mais o sabonete no rosto, agora eu esfrego ele na mão e com as mãos eu me lavo. Você disse que é melhor, eu não vejo muita diferença.

O problema não é aprender a viver sem você, isso é quase fácil. O problema é aprender a viver com a sua ausência. Você é maldosa, porque a sua ausência é três vezes maior que você.

Comprei um Wisky barato, bem vagabundo. Amanhã vou acordar com uma dor de cabeça infernal, mas é bom sentir alguma coisa diferente, vez ou outra.

Eu dei cereal para o gato comer, ele gostou. Deve ser bom comer alguma coisa diferente.

Não sei porque penso assim, como se estivesse escrevendo uma carta para você, e falando todas essas coisas que eu nunca falaria. São coisas que você não quer mais ouvir. Nem sua ausência quer me ouvir.

Às vezes eu coloco os seus sapatos ao lado do meu, pra fazer de conta que você também chegou em casa.
Um dia eu trouxe uma mulher aqui, e pedi para ela os vestir. Aí eu chorei, e mandei a mulher ir embora. Quase ela levou os sapatos embora.

Quando a sua irmã vier buscar as suas coisas, eu vou falar que a mulher os levou de verdade. Assim eu os guardo para mim. Ela bem que podia levar é essa sua ausência, que é só sua.

12 comentários:

A Autora disse...

Lindo, Alan!
Que ausência doída!

Robisson de Albuquerque disse...

valeu alan, obrigado pelo elogio, escrevi esse poema porque minha namorada terminou comigo nesse dia, mas talvez a gente volte, não sei, ela viajou pra sp pra casa da família
o livro, com certeza terá o seu...
to salvando teu blog pra ler em casa ...
abraços brou

Morganna disse...

solidão dói.
ausência espedaça a gente por dentro.

Ana Cláudia Zumpano disse...

Cheguei aqui através do Hotel Sete e gostei muito de tudo que li. Este último texto faz a gente sentir na pele cada palavra tua, e a ausência dói demais... a saudade de tudo aquilo que passou, os mínimos detalhes que nunca são esquecidos.
Estarei sempre aqui lendo teus escritos! Prazer, Ana!

Angelo Lira disse...

Olá Alan!

Se é para a ausÊncia ser levada, amém. No entanto, será que não surgirá a ausÊncia de uma ausÊncia?

Um grande abraço!

lucas lyra disse...

que presença, hein!
;)

Canto da Boca disse...

... Quando tu fores comer esse bolo e tomar esse café, me chama?

Canto da Boca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

to com saudades...espero que vc esteja tendo uma boa viagem..!!
mande noticias...to curiosaa.
amei o poema...;)
bjooo XU

Anônimo disse...

Gostei muito desse post e seu blog é muito interessante, vou passar por aqui sempre =) Depois dá uma passada lá no meu site, que é sobre o CresceNet, espero que goste. O endereço dele é http://www.provedorcrescenet.com . Um abraço.

Victor disse...

Putz...
Que foda esse texto cara.
Muito bonito mesmo.
Queria ter convivido mais tempo com vc ae!
Saudade ae meu.
Abraço


Victor Negri ( Cursinho =P _

Canto da Boca disse...

Ainda em ausencia?
;)