terça-feira, 7 de junho de 2011

E eu afasto as cortinas da minha sacada pra ver a tempestade passar. Coloco uma coisa qualquer a tocar, um copo de wisky, um cigarro aceso e, naquele momento, nao precisaria de mais nada. Mas preciso. Ainda me faltam memórias de uma mulher de rosto comum e gostos convenientes. Me falta um cheiro de perfume impregnado no lençol estendido a se encharcar na chuva de agora.


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Contar gotas para dormir, gotas de uma esperada chuva de tempo seco.
E como que se faz mesmo, aquele doce que minha mae fazia, e deixava a casa inteira suspensa em pensamentos, permeada pelo cheirinho de coisa-que-marca-infancia.


Lembro-me de que no fim, todo mundo quer sobreviver. Estamos todos ombros a ombros quando se revela uma gravidade dessas. Ninguem, nem um passo a frente, nada nos diferenciara.

Dizem que guerreiro nao teme batalha, mas teme sim. E aquele velho cliche, eu me lembro, de que coragem nao eh ausencia de medo, mas tomar decisoes apesar do medo.
Sinto medo. Mas nao estou paralisado.

Poderia dizer que estou pronto para outra, mas isso seria dar chance ao azar.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Como fazia para parar de se sentir assim? Como fazia mesmo?
E do conforto que sentar-se bem proximo do joelho
E prestar atenção na respiração, surpreso, no mistério disso tudo.

Quem perde, e o que perde, sabe como é.
O grande problema do processo é se livrar dos planos.
Cruel é ter que convocar um a um numa sala branca
na qual nunca se entra, e habita apenas o desconforto
Chama-los e anunciar sua morte iminiente e irrevogável.

Da cinta da calça se tira um revolver então.
O tabor gira, a agulha se movimenta e diretamente no centro dos olhos daquele que antes lhe seria um querido companheiro para madrugadas desobedientes..
Mata o sonho, chama o próximo, ritual que deve acontecer.

Dói em mim também.

E talvez reduzir-se a porcentagens, a termos de sobrevida e reposicionamento e cura.
Não.
Espanto não se deveria ter, haja visto que assim é, assim sempre foi e não há o que não será.
Mas,

Mantenha-se em linha.
Não se deixe perturbar.
Saiba que apesar do que sente, está com muita gente por perto.

Por um momento
Como daqueles que perdemos a força sobre o olhar
Enquanto esperamos nosso nome ser anunciado no consultório
E pegamos nós mesmo encarando e chão, como se houvesse ali algum mistério a ser resolvido imediatamente.

Por um momento parece que tanto faz.
E deixa que assim seja pelo motivos que também tanto faz.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Isto não é filosofia.

É que incomodava de teus traços serem assim tão autônomos.
Indepêndencia do tipo que violenta os desavisados,
E de tanto ser violentado repara choro metarmorseando em gozo
E disfarça vergonha franzindo a testa, esboçando o choro perdido de novo.

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Trouxe aqui na algibeira a tinta vermelha,
daquela mesma que ela passava no beiço
e da mesma que encontrava na rede nos dias de sol quente.

É com essa tinta que pintei a cerca daqui da frente
Na intenção de fazer tudo em volta sentir a sua ausência.

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A merda dos homens que pensam é essa coisa de intenção.
A merda dos homens que pensam é infinitude que separa a bala da agulha.
Não se pode desrespeitar a natureza e andar impune rumo à academia de soberba.
Árvore não faz filosofia. Leão não se indaga. Nem tatu-bola tergiverseia sobre a vida.
No entanto, muito homem apenas pensa, e engole a realidade cuspida e passada e negada por todos os outros homens que, tão naturalmente, não pensaram.
A vida ensina o simples, pense, mas depois que fizer. Use a ferramenta do raciocínio para melhor dormir a noite, justificando o dia que fizeste de forma autônoma e verdadeira.
É deste homem menos enfeitado, deste homem nu e verdadeiro para com a natureza, digno de violência e de amores exagerados, que se faz o progresso, e verdade seja dita, os mais memoráveis erros.
Mas não confuda isto com filosofias baratas. Isto não é filosofia.



domingo, 28 de fevereiro de 2010

"... e é nessas manhãs, seguidas dos porres, em que o que se pede de desjejum é chá de cordão umbilical com leite materno, na tentativa de renascimento de algo humano de volta..."

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

e ela disse assim, que se eu fosse com ela e subisse as escadas e tocasse a campanhia,
e que se eu tivesse e pudesse levar algumas gotas de alcool de qualquer qualidade
ela disse que se eu fizesse do jeito que ela mandava, ela deixaria eu falar com Jesus.

Cabra, se tem algo que me mexe é essas coisas de religião, e nem acreditar eu acredito,
é que tem tanta gente de cabeça boa que fala que de repente é tudo verdade
e eu num tenho a menor capacidade de dizer se verdade ou mentira e se direito ou certo
e na realidade nem vontade eu tenho já que religião nunca colocou mistura na minha gelada.
Aí eu fico meio confuso mas as vezes é só fome e passa logo depois da janta.

Ela era bem das donzelas, toda cheia das graça e dos gingado e as vezes bem de longe parecia até um anjo desses de filme que a gente ve em propaganda de perfume ou viagem pra longe
e eu bem que gostaria de ter com ela e até de ter ela assim da forma animal mesmo, porque eu num conheço muito as gentilezas.

Mas de outra forma, eu num queria falar com Jesus.

foi nisso que me confusei de novo e mandei ela tomar merda com vinagre
entre no onibus só para poder fingir que era do tipo que fazia alguma coisa durante as tardes
e no último ponto desci na favela que me criei.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

gravado em placa torta
de mistura de vento com porcelana
iluminuras mediocres de vida assim também

na margem de se tornar uma lembrança
vortices convidativamente azuis
(dirá unânime, algum)

e de tanto que queria
desistiu.