domingo, 29 de julho de 2007

Em um trem que sai daqui de casa...

As luzes que a as horas da madrugada matavam eram justamente as luzes de que eu precisava. Muito devagar, tudo o que antes eram cores, tornarvam-se certezas de uma era confusa, que todos passam. Nada sobraria, então, dali a poucas horas. Tudo iria, embora, away...

A música que o momento pedia não era a mesma que eu tinha na cabeça, ironia das coincidências infelizes, se não for verdade que todas as coincidência e todas as ironias são infelizes. Hão de ser, sendo uma o riso de quem não ri e a outra a certeza da premeditação exagerada, da vida tão pacata que a morte é esperada, com data e hora marcada.

Você era fumaça. Assim se desfez com nós de um passado primoroso; brumoso. Que torne-se fumaça, que o vento leve, que a natureza absorva, que sim! Convenhamos em aceitar as leis químicas em nossas vidas, e reciclar os elementos, e transformar as materias, e trocar de estados, expandir-nos, além do que pudeste sonhar nas horas mortas em que dormia em casa.

Nestas paredes que pensaste ser proteção, estão teus sonhos, frustrados, odiando-te por teres feito deles nada mais que reboco, que concreto mal armado, tijolos vermelhos cor de um sangue que não é teu nem de ninguém. Formaste uma barreira com tuas dúvidas, isolaste tu mesmo de um reino que era teu por natureza, por direito fraternal. Deixou que um teto sujo de um futuro que não aconteceria encarasse as estrelas todas as noites, querendo ser o que nunca será, embora toda aquela história de destino. Imaginas seres recusado? Teus sonhos o foram, e assim é que se cultiva ódio, que se constroe todas estas barreiras que procuras entender, agora que a losna toma teu corpo em gosto amargo e solidão densa e pegajosa.

Jogue tuas cinzas por onde possas ver. Caminhas entre o bosque que antes fora teu alimento, que fora teu mundo... encaminhate rumo a algo que possa te digerir, que possa te desfazer, que possa colar este retalho que tu és em algum cenário terno e amável. Seja deglutido por este mundo giratório, aceite ser picado, para que com pequenas partes de teu corpo possas oferecer alimento a quem tens demasiado negado a chance de se alimentar; Teus sonhos de peregrino! De explorar o mundo, de conhecer todo o pano de fundo desta tragédia cômica. Mas que assassino tens me saído! Que corja humana!

Deixa para trás isso e aquilo, não carrega nada além de tu mesmo. Não tenha pressa.
Apenas fique sempre entre o trilho e o rio, porque a vida dá de entortar os caminhos, e ai talvez perca-te antes mesmo de poder te encontrar...

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"É transparente, a vontade sintética de amar, é transparente!"

domingo, 8 de julho de 2007

Um barco e o que ele representa...

Para onde seguia aquele barco, que eu vi tão rápido?



Corria por entre a solidão liquifeita em um mar que veio daquela chuva de agora pouco.



Segundos que flutei junto, rumo aonde tudo me levar, e que seja. Que seja a sorte neste navio sem vela, guiado pela vontade pura de criança pequena, e pela fé de que a chuva sempre vem para desfiar a secura desses tempos de hoje.



E tem seu lado bom, poder montar-se em aventura de uma embarcação sem nome nem destino. Mesmo que para isso é bom que não se tenha ninguém, porque não há porto de onde se possa balançar lenço qualquer. Se em noites de sereno se sente falta, em tédios de vida agente agradece por se ser só.


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"Um barão, de olhos enxarcados,
de conselhos de ouro e voz de avô.
Um Velho sábio da vida, quieto e observador,
daqueles que gostam do café bem forte
que é para lembrar do gosto que a vida tem
daqueles que acordam bem cedo
para se viver enquanto há sol, e só."


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"Esses finais de semana fazem-me crer que o mundo não acaba é por preguiça..."


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'... tentar prever serviu para me enganar...'

(quatro, barbudos, em recesso)

quinta-feira, 5 de julho de 2007

A vida do Luís, sem o Luís...

E ele veio, feito apenas de alegria, com o anel que conseguiu comprar. Não era aquele anel, mas era um símbolo, e era isso que eles queriam.

Ela estava sentada, lendo.

Antes, ele para e olha, de longe. Tava sentindo a magia do momento, que era muito maior do que o maior dos prédios que ele já tinha visto.

A vida mudaria. Era o anel, e aí, quem sabe? Felicidade, provavelmente. O coração era que parecia carnaval. As pernas entravam na festa, e dançavam sem sair do lugar.

Agora, que tinha o anel, sentia a emoção, só faltava uma coisa;

Só faltava conhecer aquela mulher que o encantava, que vivia em sua vida sem saber. Era só isso.

Ela fecha o livro. Talvez tenha terminado mais um capítulo. Quanto tempo até Luís conseguir se aproximar dela? Mais vinte ou trinta páginas? Mais um livro inteiro? O problema é que sempre pode ser a última oportunidade, e aí? Acredite Luís, talvez ela nunca mais volte, e este anel será um troféu, guardado na gaveta, para que lembre que a sua vida pode muito bem acontecer sem você. Pode muito bem.