quinta-feira, 28 de junho de 2007

Seria triste...

Descobrindo, o que há atrás da chuva.

Eu pego um trem que vai daqui até a porta da sua casa, sem curvas.

Três toques na porta, como sempre, sempre.

Eu trouxe numa sacola um doce, uma flor e aquela praia deserta em que fomos uma vez.

Mas quem me atende, eu não conhecia.

Só aí lembrei, que você tinha mudado de endereço;

Decidiu ir aconselhar os pequenos anjos,

Injustiça, seus conselhos eram tudo o que eu precisava, para poder ir dormir agora.


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Você sempre teve visão boa. Sempre via a montanha primeiro que eu. Mesmo quando eu que sentava no banco da frente. Agora, eu forço, forço os olhos, deixo eles bem pequeninhos, mas nem há mais montanha nenhuma. Você, você levou contigo?

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Tem quatro chinelos. Dois deles talvez nunca mais sairão do lugar.

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Todo o sentimento do mundo não cabe aqui em casa. Nem todo o meu sentimento cabe. Por isso, meus queridos, as janelas sempre abertas, por isso!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Pois a pomba que veio...

Foi em um recado, que veio com uma pomba cor de mármore, por entre o meu sono, por dentro da minha janela. Foi em uma de suas patas, judiadas pelo asfalto quente, que vi um papel surrado, amarelo.

Recados de amor?

Pedido de socorro?

Não, um cenário:

O céu ia tomando a cor de nossas peles, e nós, a cor dos céus. Um cavalo vinha correndo, virava vento, virava flor, virava vida e depois virava cavalo. O chão de areia, que veio de muitas esmeraldas limadas pelo vento forte que vem do sul, cheirava a maçã do amor. O mar era quente, e dele saia uma luz violeta, rumo aos céus, e essa cor era a que preenchia as nuvens, já que nem havia mais sol.
Não se estava só. Havia algumas dezenas de pessoas no mar, uma mais ao fundo que outras. O Vento dava uma sensação de movimento, mas não dava frio. Ninguém falava nada; Procuravam entender o que estava acontecendo!


Lá do fundo, no fundo do mar, uma árvore começa a crescer bem rapidamente. Flores aparecem em seus galhos pontudos, flores que poderiam sorrir, se fossem muito mais que flores. Mas eram apenas um pouco mais que flores.


Não se sabe onde tudo isso aconteceu. Pode ter sido bem perto.

Não se sabe de quem era aquela pomba, pode não ser de ninguém.

O fato é que já passava das três, e meus olhos pesavam por demais.

domingo, 24 de junho de 2007

Cuidado, que chove lá fora!

Uma primeira gota pula,
Queria provar para as outras
Que é possível furar o chão
E ir tão longe que nem se quer
uma gota poderia imaginar
Há tanta vida nesta queda solitária!
Que outras gotas apaixonam-se
E começam a pular
Dez, vinte, agora talvez cem
Dentro em pouco, passam de números
Tornam-se todas uma só,
Tornam-se chuva,
Chegam ao solo com toda vontade
De provar para alguma outra gota ainda sem coragem
Que dá para ultrapassar qualquer barreira
Mesmo uma gota, uma pequena gota
Pode furar o solo, pode penetrar na terra
Pode ultrapassar sonhos, pode sim!
O espetáculo que havia começado morno
Agora explode em movimento e cores
Quem das janelas assiste, abismado
Mal consegue entender como aquelas gotas
podiam tanto! E como elas provocavam em nós
Uma vontade de dizer um monte de coisas,
Uma vontade de fazer um monte de coisas
Qual era o poder daquelas gotas?
Qual era a sua magia?
Alguns casais abraçados, alguns solitários com a cabeça colada no vidro
Sentiam-se convidados a participar,
Poderiam mandar recados às gotas que ainda estavam por pular
E pedir que com ela levassem coisas que queriam fazer
Mas que por algum motivo não fizeram
Uma primeira pessoa mandou para uma gota
Um “te amo” que nunca disse, para que explodisse
Junto com a gota quando o chão se fizesse duro demais.
Muitos outros recados foram enviados
E as gotas, todas elas, pulavam abraçando
Um monte de vontades que nunca foram satisfeitas
As gotas que choviam lá fora já estavam, na verdade
Lavando aqui dentro, as pessoas ficando mais leves
Um sorriso aparecendo em lábios há muito aflitos
Mas a mensagem que a chuva passava não era pra não fazermos o que temos que fazer
Mas que deixemos explodir o que já passou, e que já deveria ter sido feito
Para que façamos o que virá, o que irá querer ser completo,
Para não nos prendermos em erros que já se foram
Deixem eles explodirem no chão,
Porque dá para ultrapassar qualquer barreira
Mesmo uma gota, uma pequena gota
Pode sim!

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Realizar sonhos? Ah, não seja piegas! Quero é ultrapassa-los!

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"Mãe não tem limite,
é tempo sem hora..."
(Funcionário Público, fazendeiro do ar, um gauche)

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Apocalipse de todos os dias normais...

Rasgam os céus. Vagarosamente deixam de ser o que deveriam ser. Transformam-se. Mutam. Como todo mundo, todos. As pequenas crianças se preocupam, os velhos nem se quer vêem, as mulheres gritam sem nenhum desespero na voz. A pequena pedra feliz por estar no sol. As formigas por demais entretidas em seus trabalhos cotidianos. Os muito cheiros da terra, nenhum que eu conheça. Rasgam os céus e deixam aquela marca, para que os que não viram acontecer possam saber que realmente aconteceu. Três, quatro, talvez sete, como dizia um texto antigo. Rasgam os céus e por um instante apagam todas as luzes, o sol se torna transparente, todas as saias, as camisas, as cabeças e os pensamentos, tudo se torna translúcido como deveria ser. Mas as coisas deixam de ser o que deveriam , e saem por aí, rasgando os céus.

Daqui da sacada não se vê muito longe, mas é quase sempre o suficiente. Daqui eu posso ver tantas coisas, e as vezes nenhuma das que estava procurando. A sacada muda. A sacada muda o mundo, todos os dias.

Quero sair, usando uma boina. Que histórias posso ouvir por agora? O mundo sabe como guiar. Costumava saber, ao menos. Os olhos que vêem cinza por onde passeiam as cores. Queria esconder um bilhete, embaixo de uma pedra, à sombra de uma saudade qualquer. Mas não há tempo, o relógio bate cinco e três quartos, e já é hora de sentar com meus poetas.

O que queres da vida, Luís Alfredo? Queres o que? Deixar teu nome em alguma árvore, tomar banho em alguma cachoeira, ganhar sempre? O que queres que a vida faça com teus planos, Luís? Queres realmente ser o dono de teu destino? Queres ser o único culpado por tudo? Temo que não! Então porque continua a não acreditar? Porque não aceitar alguns fatos, já que a alma sente um certo frio?

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"Pois a linguagem planta suas árvores no homem e quer vê-las cobertas de folhas, de signos, de obscuros sentimentos, e avenidas desertas..."

(Mineiro, itabirano, alma de ferro!)

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Ensinamentos que boiavam em uma garrafa...

Um pouco de repente, deu-me vontade de ver o mar, ou qualquer outra coisa que junto com a sua imensidão trouxesse aquela paz, aquele sentimento de que por sermos tão pequenos, nenhuma dor é para sempre, nenhuma pode ser para sempre.
A espuma, ou o destino, trouxe uma garrafa, que veio descançar de uma viagem que possívelmente tenha sido deveras longa entre os meus pés. Claro, como em qualquer história que se preze, havia um recado dentro dela, mas como em nenhuma história que vocês já tenham lido, o que lá estava escrito não era nada casual.
É importante que tenham em mente o cenário, porque ele é parte agora do sentimento que se têm; O sol quase se pondo, em um mar quase calmo. Algumas nuvens no céu roubavam a cor alaranjada, se preenchendo, como um algodão doce. Por fora, deserto de qualquer vida. Nem o vento se dignou a aparecer. Era melhor assim.
O modo como a carta começou já revela que aquilo era uma despedida, uma despedida de alguém que sentia ter muito a falar e, principalmente, aconselhar. Tenho a impressão que tenha sido escrita por um pai a um filho, mas tirem suas própria conclusões:

"Pequeno,
Estou velho, estou indo embora. Em minha vida sempre fiz o que tinha que ser feito, e dessa vez não será diferente; A minha hora chegou, e vou cumprir com a minha parte. Mas não antes de fazer uma coisa que também é minha obrigação; lhe deixar as coisas que aprendi com a minha história, para que você possa poupar alguns tombos, se quiser.

Apredi que todos erramos, todos. Mas o único erro que pode causar algum mal de verdade é não entender e aceitar os erros dos outro. Você sabe que nunca fui religioso, mas certo dia, quando ainda pequeno, perguntei para o pastor da igreja de minha mãe porque Deus era Deus, e ele me disse que Ele assim o era porque era supremo na arte de perdoar, e não porque era supremo na arte de não errar. Talvez não possamos perdoar como Ele perdoa, mas tentar chegar a isso é um bom caminho de se viver.

Aprendi que não podemos ter pessoas. Nada nesse mundo, além de nossas consicências, nos pertence, e lembrar disso todas as manhãs lhe ajudará a entender se naquele dia alguém lhe for tirado de sua vida. Jamais tente engaiolar alguém para você, ninguém aqui é um passáro ornamental, somos todos pedaços do vento.

Aprendi a perder. É custoso entender que a derrota é muito melhor que a vitória, pois assim se cresce muito mais. Claro que todos nós precisamos de nossos dias de glória, e eles virão, tenha certeza, mas tenha a sabedoria de lidar com as dificuldades que a vida nos tráz como sendo pequenos cursos com o objetivo de formar pessoas que saibam viver. Talvez você já tenha entendido que viver não é respirar, não é andar, nem pensar. Viver é mais que isso, a vida, então, é muito rara.

Não aprendi a amar. E isso, acho que nem você aprenderá; Ninguém aprende. Ama-se diferente a cada dia, o sentimento muda com as pessoas, as vezes ele se esconde, as vezes aparece demais, as vezes é gostoso e as vezes machuca muito mais. Nunca entenderemos o que é o Amor, e devemos dar graças a Deus que a maldita maça do jardim não abriu os nossos olhos para isso; Se soubessemos o que é amar perderíamos a última gota que ainda nos resta de magia.

Aprendi a ter calma, ser paciente. Algumas vezes a vida nos cobra velocidade, rapidez, e aí talvez tenhamos que responder a altura; Cada um tem o seu ritmo, e deve-se respeitar isso.

Aprendi que podemos aprender sobre tudo, tudo o que quisermos. Isso só depende de nós.

Pequeno, quero que tome os seus próprios tombos, e que aprenda com seus machucados, mas quero que possa aproveitar alguma coisa de minha humilde vida. Algumas dessas coisas que acabei de falar são experiências de meu pai, as quais ele me contou quando decidi sair de casa. Ele teve essa sorte, eu não, e portanto deixo tudo aqui escrito, na esperança que algum dia possa ler...

Prisão de Alcatraz, 03 de julho de (não se pode ler o resto da data)"

Muita informação. O mundo gira, eu não mais. Do sol se vê apenas uma pontinha, uma pequena parte que ficou para testemunhar o fim do dia. Eu olho o horizonte, da vontade de alcança-lo, é uma dádiva não conseguir. Gostaria de ter muito mais tempo, de ter muitas vidas, para que pudesse aprender tudo o que aquele pai aprendeu. Gostaria de deixar de ficar magoado, de ficar encucado, gostaria de ser calmo, porque a calma, e apenas ela, foi quem trouxe aquela garrafa por todo o oceano até mim.

sábado, 16 de junho de 2007

Agora, notícias de alguém desconhecido, em versos dispersos...

É daquele que sabe deixar o dia para tras, é sobre aquele que aceita de bom grado o que a noite traz. Agora vamos falar sobre um homem que não é muito nada demais, mas que por ser assim, supera em nobreza a todos, e é em sí o que os outros são apenas em sonhos.


Um pescador que cansado de tentar a vida sempre no mesmo azul, decide pescar estrelas, e escrito em uma delas acha três segredos: Nem todo carnaval tem seu fim, Nem todo amor é um carnaval, Nem todo carnaval é para mim. Esse pescador, graças às estrelas, nunca mais será apenas um pescador.


Uma criança que tudo que queria era viver dando risada. Depois de levar alguns sustos na vida, desistiu, porque rir não serve de nada; Fazer rir é abrir estrada. Foi assim que nasceu o palhaço pirata.


Aqueles dias em que acordamos com uma vontade danada de dizer bom dia a qualquer um, de bater na porta do vizinho para oferecer uma carona. É nesses dias que nascem as crianças mais especiais; São os sinais, como a estrela que guia a mirra o ouro e o incenso.


A menina que me diverte, que me ouve, e que tem uma amiga com sardas e com quem tem histórias engraçadas. Desejo a todos que cruzem por aí com pessoas como essas, porque não há razão para viver se não for pra aprender, que quem sabe levar a vida, não precisa fantasiar amores, algumas amizades nos bastam para nos fazer sentir atores dessa peça que não há de acabar.


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A rima cansa, eu sei. Não vou repetir.

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A chuva é boa, porque sempre que chove lá fora, é aqui dentro que eu sinto que a agua lava.

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"de você sei quase nada
pra onde vai ou de onde veio
nem mesmo sei
qual é a parte
da tua estrada
no meu caminho"
(Zé, que veio lá de São Luís)

quinta-feira, 14 de junho de 2007

E a loucura tem a sua vez...

E todo esse ácido percorre o meu corpo. Não me corroí, não me faz mal. Percorre como quem passeia na vida de quem se ama. Uma por uma, cada célula de meu corpo tem contato com a imensidão de sonhos que eu gostaria de ter realizado. Nada em mim. Tudo através.

Se chove lá fora eu nem posso ouvir mais. Talvez nem haja mais "lá fora". Expande-se. Eterniza-se. Em busca de um nada perdido.

Algumas notas tocadas alcançam o que poderia ser o meu ouvido. Por enquanto, está tudo bem ácido ainda. Cores que se contrastam dançam um balé sem graça, uma dança de quem quer fazer os outros se sentirem tontos.

Estado de espírito. Espírito espalhado. Cacos. Muitos deles, por toda a sala, por toda a varanda, por toda a vida. Mas talez eu não me importe, porque ainda é segunda feira, e temos a semana toda. (Ou a semana nos tem?)

Mais ácido. Mais. Porque a vida é do jeito que eu quiser que seja.

Uma praia de água prata, sem nenhum astro nos céus. O reflexo que se tem é o reflexo de um infinito que nunca aconteceria. Três flores, uma azul, uma amarela e uma ardente em chamas rasgam o solo arenoso, e dançam sob o vento que traz notícias de um deserto não muito distante. A música que se ouve é exatamente igual àquelas que mulheres praticam a dança do ventre. Eu caminho. Caminho. A imagem começa a apagar-se.


Mais ácido. Mais. Porque a paisagem será como eu quiser ver.

Um cheiro de realidade me inunda.
Cá estou eu novamente, dentro deste mundo que se limita a ser limitado.
Que seja;
Hoje ainda é segunda feira.

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Ouço as vozes dos tantos personagens que já larguei no eterno anonimato de nunca ser escrito.
Que falem, não sou eu o louco que botará travessões. Deixem falar.

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"O mundo dos sonhos é tão silencioso quanto o mundo submarino. Por isso é que faz bem sonhar" (Mazinho, querido, antigo, nunca-esquecido)

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Aforismos para nenhuma vida

Se houvessem mais diamantes, eles não teriam valor. Se hovessem muitas pessoas em quem confiar, também.



Todo mundo sabe que viver é a parte mais fácil de estar vivo. Mas poucos ousam ser simples.



Falar é justamente o contrário; Pensa-se em falar o que quiser, mas não há nada mais doloroso do que errar com palavras.



Tudo na vida custa alguma coisa; Assistir o sol nascer da varanda a companhia de ótimas memórias é das poucas coisas que todos nascem podendo fazer. E talvez, seja uma das coisas mais precisosas.


A merda da sociedade não é o capitalismo, não é competição; A tudo isso o ser humano pode se adaptar. A merda é não podermos mais nos expressar, por que as pessoas que aparecem nas novelas não falam nem sentem do mesmo jeito que alguns outros. Acredite, ficar sem se expressar é a pior de todas as ditaduras.


Todos assistem a filmes. Alguns se emocionam, gostariam de ter sido personagens daquelas histórias. Ninguém faz o mais simples; Copiar ideias. Faça o favor, meu deus!

domingo, 10 de junho de 2007

Acontece

Acontece que essas coisas sempre têm que acontecer. É coisa da vida, coisa de quem vê que perde o controle e não quer que as coisas fiquem assim. Tranco. Barranco. Sucata. Acontece.


É na vida quase pacata. De domingo final de tarde com aquele solzinho que nem esquenta mas espanta o frio. De pão de queijo com requeijão, quentinho. De telefone que não toca nem sendo hipnotizado. De álbum de fotos. De um tempo sozinho. De rua tranqüila, no bairro onde você mora.


É nessas horas que acontece. Não é culpa minha, não é culpa sua. Acontece por que tinha que acontecer, e assim é que a vida caminha. Dizer que as coisas poderiam ser de alguma outra forma não vai me livrar de viver, e agora, daqui por diante, eu quero a vida de cara limpa todas as manhãs; Bem vou ser tudo o que quis ser na noite passada, e te direi todas aquelas coisas bonitas que treinei no espelho. Se for pra ser, será, se não for, eu saberei esperar, mesmo que todas aquelas estrelas chovam numa noite fria, mesmo que o sol decida por outra galáxia, mesmo que eu e você nos esqueçamos. Esqueceremos.

Não é por romantismo. Não é por sentimental, por confetes, por graça. Não é querer ser personagem de Shakespeare. É só certeza. As certezas têm a sua vez aqui pra mim, e se cá tenho elas, cá cuidarei. Sim, são só certezas, e se isso tiras as cores para você, se te decepciono sendo racional quando se espera um coração que fale, não chore demais.


Aconteceu de acontecer comigo, e essas coisas acontecem mesmo. Não vou brincar de ser vítima, não vou comprar uma briga contra a vida; Ninguém é um desgraçado simplesmente por que aconteceu. E acontecerá mais algumas vezes ainda no meu e no seu destino. Tudo sempre vira sucata, pelo menos uma vez na história, e sempre que isso acontecer eu vou recitar pra mim mesmo:

"Quanto mais próximo de ser sucata, mais próximo de ser alguma coisa a mais...”

(Era como dizia, mais ou menos, um poeta que eu gostaria de ter conhecido.)

Tranco.

Barranco.

Acontece.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

olhos e janelas bem abertos...

Encha os pulmões, de uma forma que lhe faça sentir como se fosse uma criança pequena.


Agora prenda. Aguente, são só por alguns segundos. Segundos que vão fazer você viver uma infância inteira toda manhã, toda manhã que quiser se sentir assim.

Agora deixe o ar ir. Comece por cima dos seus pulmões. Devagar, não pode haver pressa em simplesmente respirar.

Respirar.

Respirar.

Você ainda se lembra do que isso significa? Um pouco do oceano, um pouco das algas, um pouco de Elvis Presley, um pouco das crianças da africa, um pouco da disney, um pouco dessas coisas inundam a parte de dentro do seu corpo. Preenchem. Fill it. Células percorrem o corpo inteiro apenas para pegar o oxigenio que veio com tudo aquilo descrito linhas acima.


Pense em alguém. Essa parte é muito importante; Nossas vidas são feitas de pessoas, não de sonhos, não de planos, não de empregos... Pessoas. Pessoas que nos fazem felizes, que viajam, que mentem, que choram, que contam piadas de péssimo gosto, que se esquecem, que nos dão presentes, que fazem aniversários, que nos telefonam, que não nos atendem... Pessoas bonitas por causa do rosto, por causa do corpo ou só por causa de como mexem com a mão. Escolha alguém, escolha um lugar, escolha um céu e imagine! Let it fly!


Respire.

Lembre.

Imagine.

E viver não é muito mais que isso.

Isso não é nada,

Isso é apenas um sorvete de casquinha,

Isso são apenas cinco minutos...

Há de se pensar na vida, vez ou outra,
Há de se sentir a vida, vez ou outra,
até as tristezas (enjoy it, embrace it, discart it)!
Agora, seremos assim, pelo resto de nossas vidas...
Agora, viveremos para sempre, olhos e janelas bem abertas!
Agora.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Espelho de manhã e conselhos...

É, eu sei que vocês não vão acreditar. Mas eu tenho que dizer isso pra alguém, e aqui vai;

Hoje, logo de manhã (tão cedo quanto a minha vida noturna permite acordar), alguém tomou o lugar que era pra ser meu no espelho. Foi uma coisa espantosa, mas ao mesmo tempo, interessantissíma! Eu que moro bem cá sozinho, que peço pouco à vida, que gosto de olhar a janela quando já está quase todo mundo dormindo, eu que sou essas coisas todas, vi alguém que era nada! Uma imagem de sonhos que ninguém quis realizar, um rosto que não era triste porque até a tristeza passa, e ele ficou... Ficou ali, no meu espelho, olhando-me como se eu estivesse em algum lugar que não deveria!

Quem me conhece sabe que não sou muito do tipo de fazer amizades. Mas aquele presença, se não fosse ao menos amigável, que seria mais? Perturbadora! Arranquei-me algumas palavras;

- Dia frio né?!

Olho que bate com olho e sai faísca. Tic, Tac, e lembro que num tenho relógio no apartamento; O barulho deve vir do outro lado. Se não quer falar, tudo bem; Abaixo a cabeça para lavar o rosto e...

- Agora sim, um rei sempre se sente mais a vontade com um gesto desse. Realmente, embora o sol esteja por aí, o dia está frio!

É, sei o que vocês estão pensando, eu também pensei isso na hora. Um rei! Que gesto? Lavar o rosto? Convenhamos, ele num estava achando que eu abaixava a cabeça em sinal de respeito a ele não é?! Uma imagem que nem se quer tinha alguem para parecer com!!! Risível!

- Mas não estou para papo furado. Vim lhe dizer que já está perdendo a simplicidade. Quando vim dar um passeio por aqui, acabei lhe vendo. Ja era quase de madrugada, e alguma coisa me dizia que talvez estivesse quase triste. Como cá no reino das imagens tudo é muito mais simples, é minha função tentar lhe trazer um pouco de nossa especialidade. Lembre-se de ver os olhos de seus amigos; É fácil achar a felicidade simples lá. Lembre-se de olhar pra lua pelo menos uma vez por noite. Tome cafés, que nos fazem sentir melhor a tarde, e tome chás, que traz um sussego de gente velha. Sinta o frio, e lembre-se como o calor é bom, mas nunca pare de viver o frio. Cuide de todos, porque isso faz de você simplesmente parte da vida. Não se zangue, não fique bravo, porque você sabe tanto quanto eu que logo logo não será mais nada, pra que gastar energia com isso então? Ouça música, todos os tipos de múscias! Escreva bobagens que nunca vai entregar a ninguém. Revele-se, declare-se. Tente olhar toda noite pra mesma estrela, procure-a por todo o céu, e sorria quando achar! Quando já tiver todas as técnicas para sempre acha-la, saiba que agora aquela estrela é sua! Viagens, muitas delas, para que fabrique memórias que lhe ajudarão quando os tempos estiverem difíceis. Acredite, é simples ser feliz. Simples...

É claro que a essa altura eu já me perguntava se estava realmente acordado. Mas isso, isso nem tinha mais importância. As coisas são muito mais simples, e eu estava me esquecendo disso!!!


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"Agente deve atravessar a vida como quem está gazeando a escola,
e não como quem vai para a escola"
Gaúcho, Velinho, Quintana.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Era um barco...

Era um barco. Agora é pássaro, e niguém pode prever o que será daqui a pouco; Esses segundos que passam são mágicos, mas não espalhe por ai. É o bolo que cresce, sozinho e colorido, a temperaturas carnavalescas, é a criança que chora baixinho, com muita sinceridade em cada lágrima, é o sol indo dormir e mesmo assim radiante. É quase tudo que sempre fica pra trás.
Agora é pássaro. Mas um dia foi barco, e ninguém mais se lembra do que fora antes disso. É a vida de alguém especial em seu anonimato e naturalidade. É a amizade que vira amor, e depois volta a ser amizade, todo fim de tarde.
Agente aperta bem os olhos, parece até japonês, para ver o barquinho se perder em seu caminho, e naquele momento agente sente que tudo na vida é maior, descobrimos todas as respostas, e esquecemos; Que graça há? O olho prende o barco mais alguns instantes, parece que num quer largar, mas larga, devagar cede, e passa um último carinho-golpe-de-vista; Acredite sim senhor, que quem ama a distância aprende a acariciar só usando os olhos.
Quando esse sentimento vem, da vontade de virar azul e dormir até agosto, da vontade de comer doce e de assistir filme. Da vontade de ficar sozinho, mas que pelo menos sempre tenha alguém ao alcance. Da vontade de num ter mais vontade nenhuma.


Agora já nem é mais pássaro, muito menos barco.
Agora talvez nunca tenha sido nada.


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"Será que é verdade? Será que toda vez que pisco Deus passa correndo, fazendo caretas e dando cambalhotas?"