sábado, 8 de março de 2008

Sexta branca e malte.

A caneta sem carga é para ingerir melhor o mundo branco e malhado. É tudo assim, desde tempos que vá lá se saber. Pisando no compasso daquela música que já lhe fritava o âmago; A martelada que sente no peito vinha da pisada trançada e desconfiada, como que se estivesse mesmo bem maior.
É tudo bem mais rápido, as tantas imagens vão se fazendo e desfazendo e entrando em contato com o corpo inteiro, enquanto a música cresce e passa que tudo é passado, o presente é velocidade disparada que nem futuro alcança.
Lindo sorriso, cabelos tapam o rosto, a bebida tem cheiro assim. Na porta da bodega se deixa o que antes era, pra que naquela merda toda ninguém seja ninguém. Aqui, negão, é pra botar demônio pra fora no pulo, correndo que nem jagunço que comeu mulher errada. Aqui é pra não ver mesmo, que os olhos têm mania de grandeza, e querem sempre serem único sentimento. É pra isso esse pisca-pisca, sente como agora cada pedaço de sua pele ta querendo contato, como a música violenta o peito. Dão-lhe a graça de não mais ver em filme a realidade, mas em rápidas fotos tiradas. Bebe e roda essa cabeça, bebe pra deixar de ser assim sempre tão você mesmo.
Carreiras e carreiras vão pro saco em noites assim. É que tem que ter alguma coisa pra lhe por na linha, para poder seguir, com o nariz mesmo.
A mulher se aproxima com sorriso maldoso. Não é de companhia que quero. Bonita, linda, mas que vá a merda. A coisa toda é que to num carro a dois mil quilometros por hora dentro de mim mesmo. To alcoolizado, completamente, estou drogado e com milhares de sentimentos suando pela pele, dirigindo por todas aquelas trancas cheias de buracos e bueiros e gente que quer é atrapalhar. Quero é poste, quero que se exploda que não há verbo mais pra mim, visto que não sou primeira, quem dirá pessoa. A caneta, de novo, que esse mundo empelota fácil, e depois num entra.
A terra puxa menos, o peso voa, as memórias se afogam. Milhares e milhares de flores nascem, vermelho-sangue como o mar.
Da janela se vê, senhor que lhe bota medo, sucesso em pessoa, mas está muito rápido, fica pra trás. Passa namorada, passam amigos e amigas, passa prova errada, passa a vida, passa fluindo como jugular cortada. Assim que vida vai, esvai, sangrada.
Não, felicidade nada. Na verdade, não há nada, o que vem passa, igual na vida, mas em velocidade exagerada. Tem tanto sentimento, e você sempre pensando nesses mesmos. Sinta, não bote nome que isso é coisa grosseira.
Com o copo, rodeado por pessoas que não lhe notam. Com o corpo pulsando frenético, o coração fazendo-se presente nas extremidades ignoradas. Os sons metálicos. As risadas fogosas e vaporizadas. Suor, éter da novidade.

A noite termina com a violência dos traços do sol. Aquele maldito astro, incumbido de levantar dos mares a realidade brutal do cotidiano enfartado.

Na ponta do cigarro matei meu dia, e acho que foi pra sempre.

2 comentários:

Canto da Boca disse...

Apesar de nao deixar registros, estou sempre vindo por aqui.
Admito que vc me deixa estupefata com seus escritos. Mas ando com meu tempo fugidio e escasso, tornei-me escrava dele.
Mas te leio porque adoro te ler.
Um beijo.

Anônimo disse...

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