segunda-feira, 3 de maio de 2010

Isto não é filosofia.

É que incomodava de teus traços serem assim tão autônomos.
Indepêndencia do tipo que violenta os desavisados,
E de tanto ser violentado repara choro metarmorseando em gozo
E disfarça vergonha franzindo a testa, esboçando o choro perdido de novo.

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Trouxe aqui na algibeira a tinta vermelha,
daquela mesma que ela passava no beiço
e da mesma que encontrava na rede nos dias de sol quente.

É com essa tinta que pintei a cerca daqui da frente
Na intenção de fazer tudo em volta sentir a sua ausência.

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A merda dos homens que pensam é essa coisa de intenção.
A merda dos homens que pensam é infinitude que separa a bala da agulha.
Não se pode desrespeitar a natureza e andar impune rumo à academia de soberba.
Árvore não faz filosofia. Leão não se indaga. Nem tatu-bola tergiverseia sobre a vida.
No entanto, muito homem apenas pensa, e engole a realidade cuspida e passada e negada por todos os outros homens que, tão naturalmente, não pensaram.
A vida ensina o simples, pense, mas depois que fizer. Use a ferramenta do raciocínio para melhor dormir a noite, justificando o dia que fizeste de forma autônoma e verdadeira.
É deste homem menos enfeitado, deste homem nu e verdadeiro para com a natureza, digno de violência e de amores exagerados, que se faz o progresso, e verdade seja dita, os mais memoráveis erros.
Mas não confuda isto com filosofias baratas. Isto não é filosofia.



2 comentários:

Canto da Boca disse...

Provocativo como sempre! Reflexivo como sempre! Belíssimo como sempre!
Corrosivo e cru, como nunca!

restos: disse...

a vida não é filosofia!