domingo, 10 de junho de 2007

Acontece

Acontece que essas coisas sempre têm que acontecer. É coisa da vida, coisa de quem vê que perde o controle e não quer que as coisas fiquem assim. Tranco. Barranco. Sucata. Acontece.


É na vida quase pacata. De domingo final de tarde com aquele solzinho que nem esquenta mas espanta o frio. De pão de queijo com requeijão, quentinho. De telefone que não toca nem sendo hipnotizado. De álbum de fotos. De um tempo sozinho. De rua tranqüila, no bairro onde você mora.


É nessas horas que acontece. Não é culpa minha, não é culpa sua. Acontece por que tinha que acontecer, e assim é que a vida caminha. Dizer que as coisas poderiam ser de alguma outra forma não vai me livrar de viver, e agora, daqui por diante, eu quero a vida de cara limpa todas as manhãs; Bem vou ser tudo o que quis ser na noite passada, e te direi todas aquelas coisas bonitas que treinei no espelho. Se for pra ser, será, se não for, eu saberei esperar, mesmo que todas aquelas estrelas chovam numa noite fria, mesmo que o sol decida por outra galáxia, mesmo que eu e você nos esqueçamos. Esqueceremos.

Não é por romantismo. Não é por sentimental, por confetes, por graça. Não é querer ser personagem de Shakespeare. É só certeza. As certezas têm a sua vez aqui pra mim, e se cá tenho elas, cá cuidarei. Sim, são só certezas, e se isso tiras as cores para você, se te decepciono sendo racional quando se espera um coração que fale, não chore demais.


Aconteceu de acontecer comigo, e essas coisas acontecem mesmo. Não vou brincar de ser vítima, não vou comprar uma briga contra a vida; Ninguém é um desgraçado simplesmente por que aconteceu. E acontecerá mais algumas vezes ainda no meu e no seu destino. Tudo sempre vira sucata, pelo menos uma vez na história, e sempre que isso acontecer eu vou recitar pra mim mesmo:

"Quanto mais próximo de ser sucata, mais próximo de ser alguma coisa a mais...”

(Era como dizia, mais ou menos, um poeta que eu gostaria de ter conhecido.)

Tranco.

Barranco.

Acontece.

Um comentário:

Alan disse...

O que será que aconteceu?

Ele se apaixonou e não foi correspondido?

Ele se descobriu sozinho?

Depressão?

Azar, no jogo, no amor, na profissão?

Não. Não.

Simplesmente aconteceu, e é como se tivesse uma pedra no caminho; sempre pode ser o que você quiser que seja, para tropeçar, ou para acontecer.

Acontece.

Aconteceu.