segunda-feira, 18 de junho de 2007

Ensinamentos que boiavam em uma garrafa...

Um pouco de repente, deu-me vontade de ver o mar, ou qualquer outra coisa que junto com a sua imensidão trouxesse aquela paz, aquele sentimento de que por sermos tão pequenos, nenhuma dor é para sempre, nenhuma pode ser para sempre.
A espuma, ou o destino, trouxe uma garrafa, que veio descançar de uma viagem que possívelmente tenha sido deveras longa entre os meus pés. Claro, como em qualquer história que se preze, havia um recado dentro dela, mas como em nenhuma história que vocês já tenham lido, o que lá estava escrito não era nada casual.
É importante que tenham em mente o cenário, porque ele é parte agora do sentimento que se têm; O sol quase se pondo, em um mar quase calmo. Algumas nuvens no céu roubavam a cor alaranjada, se preenchendo, como um algodão doce. Por fora, deserto de qualquer vida. Nem o vento se dignou a aparecer. Era melhor assim.
O modo como a carta começou já revela que aquilo era uma despedida, uma despedida de alguém que sentia ter muito a falar e, principalmente, aconselhar. Tenho a impressão que tenha sido escrita por um pai a um filho, mas tirem suas própria conclusões:

"Pequeno,
Estou velho, estou indo embora. Em minha vida sempre fiz o que tinha que ser feito, e dessa vez não será diferente; A minha hora chegou, e vou cumprir com a minha parte. Mas não antes de fazer uma coisa que também é minha obrigação; lhe deixar as coisas que aprendi com a minha história, para que você possa poupar alguns tombos, se quiser.

Apredi que todos erramos, todos. Mas o único erro que pode causar algum mal de verdade é não entender e aceitar os erros dos outro. Você sabe que nunca fui religioso, mas certo dia, quando ainda pequeno, perguntei para o pastor da igreja de minha mãe porque Deus era Deus, e ele me disse que Ele assim o era porque era supremo na arte de perdoar, e não porque era supremo na arte de não errar. Talvez não possamos perdoar como Ele perdoa, mas tentar chegar a isso é um bom caminho de se viver.

Aprendi que não podemos ter pessoas. Nada nesse mundo, além de nossas consicências, nos pertence, e lembrar disso todas as manhãs lhe ajudará a entender se naquele dia alguém lhe for tirado de sua vida. Jamais tente engaiolar alguém para você, ninguém aqui é um passáro ornamental, somos todos pedaços do vento.

Aprendi a perder. É custoso entender que a derrota é muito melhor que a vitória, pois assim se cresce muito mais. Claro que todos nós precisamos de nossos dias de glória, e eles virão, tenha certeza, mas tenha a sabedoria de lidar com as dificuldades que a vida nos tráz como sendo pequenos cursos com o objetivo de formar pessoas que saibam viver. Talvez você já tenha entendido que viver não é respirar, não é andar, nem pensar. Viver é mais que isso, a vida, então, é muito rara.

Não aprendi a amar. E isso, acho que nem você aprenderá; Ninguém aprende. Ama-se diferente a cada dia, o sentimento muda com as pessoas, as vezes ele se esconde, as vezes aparece demais, as vezes é gostoso e as vezes machuca muito mais. Nunca entenderemos o que é o Amor, e devemos dar graças a Deus que a maldita maça do jardim não abriu os nossos olhos para isso; Se soubessemos o que é amar perderíamos a última gota que ainda nos resta de magia.

Aprendi a ter calma, ser paciente. Algumas vezes a vida nos cobra velocidade, rapidez, e aí talvez tenhamos que responder a altura; Cada um tem o seu ritmo, e deve-se respeitar isso.

Aprendi que podemos aprender sobre tudo, tudo o que quisermos. Isso só depende de nós.

Pequeno, quero que tome os seus próprios tombos, e que aprenda com seus machucados, mas quero que possa aproveitar alguma coisa de minha humilde vida. Algumas dessas coisas que acabei de falar são experiências de meu pai, as quais ele me contou quando decidi sair de casa. Ele teve essa sorte, eu não, e portanto deixo tudo aqui escrito, na esperança que algum dia possa ler...

Prisão de Alcatraz, 03 de julho de (não se pode ler o resto da data)"

Muita informação. O mundo gira, eu não mais. Do sol se vê apenas uma pontinha, uma pequena parte que ficou para testemunhar o fim do dia. Eu olho o horizonte, da vontade de alcança-lo, é uma dádiva não conseguir. Gostaria de ter muito mais tempo, de ter muitas vidas, para que pudesse aprender tudo o que aquele pai aprendeu. Gostaria de deixar de ficar magoado, de ficar encucado, gostaria de ser calmo, porque a calma, e apenas ela, foi quem trouxe aquela garrafa por todo o oceano até mim.

2 comentários:

lucas lyra disse...

fiquei mais calmo.
bom pra dormir agora hein! ;)
quero aprender a amar, mesmo q não o consiga, mas vou viver aprendeno! pra aprender a viver.
=) boa noite lanito.

Anônimo disse...

E nem a fonte de inspiração aqui teria feito uma história tão bem relatada como a sua!