quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Escritos históricos que achei no guarda-roupas...

- Acha-te homem! Aparece-te das profundezas do meu Eu, e torna-te, indentifica-te, construa-te, exista!

A poesia concreta da criação, imersa em uma solidão que sempre foi, que sempre será, que tem de ser. A vida criou o homem, Deus criou a vida, e a solidão toma corpo em carbonos de milhares de cadeias. Deus é o arquiteto da solidão!

O Homem, e apenas. Em florestas, em arvores, em rios, mas enquanto homem, apenas homem. Foi-se percebido que a solidão é pouca quando se está em apenas um, que a obra talvez ainda não estivesse completa, e que Deus, sentia Ele, haveria de traçar linhas mais fortes neste expressionismo que deu-se em seis dias. Estava sendo quebrada a rigidez que separava o sonho de Deus, e a realidade em que ele havia se encontrado.

- Se ainda não posso ver em minha obra o que tenho por dentro, se tantas cores e movimentos ainda não dizem a ontologia do Deus, que se faça mais! Quero que de ti, querido e próximo Adão, quero que saia de ti as linhas que aperfeiçoaram a melodia da solidão, de tua costela, meu querido, de tua costela sairá um sublime ser e ambos, Adão e Eva, dançaram a música que sempre ouvi, que sempre senti, mas que nunca pude ver. Quero ver, faça-me ver!

Aos olhos de quem sempre quis ver uma música acontecer, de observar os tantos personagens que os intrumentos pintavam em sua cabeça tomada pelas vibrações melodiosas e envolventes, imagine! Ponha-se a imaginar, ver seus sentimentos tomando formas, corpos, sentidos, movimento!

- Quero de ti milhares, quero à infinidade! Devem reproduzirem-se, devem povoar minha mente, devem eternamente! Quero milhares, milhões, quiça bilhões! Imagina! Se posso ver a minha solidão em dois de vocês, maravilhosas figuras, imaginem em incontáveis! Finalmente, sinto-me leve, sinto-me inteiro, pois não só com os olhos da alma que vejo meus sentimentos, agora os vejo com todo meu ser!




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"Deus criou o homem e, não o achando bastante solitário, deu-lhe uma companheira para o fazer sentir melhor a sua solidão."

Paul Valéry

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