quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Brincando de viver

O silêncio sólido, distorcido em imagens de uma memória distante, investigando os mil sentimentos de agora, contando com cores a minha história, fazendo-me sentir a vida que tive e que sou, a vida que pratico.

Sou derradeiro, sou pequeno enquanto eterno, sou anônimo. Cabe em mim um pouco deste mundo inteiro, cabem sonhos seguros, sonhos daqueles que inventamos e cuidamos, para ao menos servir de companhia quando a solidão dá de nos abraçar. Cabe saudade, sentimento invernal, cabe preguiça, sentimento veranil, cabe amor, sentimento de quem está vivo. Cabe tanto, mas tanto, que as vezes sinto-me até inteiro!

Qual! Bobagem! Não se pode ser inteiro enquanto vivo, sendo, somente, notas musicais deste enigma musicado, desta obra bonita, deste desejo de estar. Por isso só, sempre, por isso o mar a nos fazer ilhas, por isso o choro no chuveiro. Não é de tristeza que olho pra chão, é de pura humanidade.

Às vezes, de tão humano, quase toco no imaterial, quase alcanço o pôr do sol, quase viro poesia, e é nessas horas que a solidão solidifica-se em silêncio, pescando em minha vida cenas que me fazem sentir a imortalidade que é existir; mesmo derradeiro, mesmo pequeno, mesmo anônimo.

Tenho pelos olhos fotos do mundo, pelos ouvidos os sons, pelo tato as texturas, pelo cheiro as composições e pelos sonhos as intenções. Tenho cá as minhas impressões, o que faz de mim parte de um todo qualquer.

O silêncio sólido, distorcido em imagens de uma memória distante é presente nestes dias de céu coberto. Somos sempre dois, intervalados pelas diferenças da existência, e acompanhados pela eternidade dessa mesma existência, brincando de fazer ondas no oceano da vida, brincando de orbitar a felicidade, face a face; brincando de viver.

Um comentário:

Robisson de Albuquerque disse...

ola alan
salvei teus textos vou dar uma lida em casa e nos falamos em breve vc � de sampa n� tem msn ou orkut se tiver add a�
abra�os